Apesar de já ter sido vítima de violência de gênero antes, a delegada que foi encontrada morta dentro do carro dela, em São Sebastião do Passé, na Bahia, atuava no enfrentamento ao mesmo crime. A informação foi detalhada neste domingo (11), após o corpo da baiana ser localizado. O marido de Patrícia Neves Jackes Airese é o principal suspeito e segue preso.
Bacharel em Direito e especialista em Direito Penal e Processo Penal, a delegada tomou posse na Polícia Civil da Bahia (PC-BA) em 2016. Inicialmente, foi designada para a Delegacia Territorial de Barra, no oeste do estado, porém, pouco tempo depois, serviu em Maragogipe e São Felipe, no Recôncavo. Por fim, foi lotada em Santo Antônio de Jesus, onde atuava como plantonista.
Enquanto delegada, Patrícia Jackes tinha forte atuação na prevenção e enfrentamento às violências de gênero, com passagem, em 2021, pelo Núcleo Especializado de Atendimento à Mulher (NEAM), da 4ª Coordenadoria de Polícia, no município de Santo Antônio de Jesus, também no Recôncavo.
Além de mãe e delegada plantonista, Patrícia era formada em Licenciatura Plena em Letras e trabalhou por 12 anos como professora de língua portuguesa e língua inglesa.
Conforme detalhou a polícia, o corpo da delegada estava no banco do carona do carro dela. O local onde o veículo foi abandonado é de mata, às margens da BR-324. As investigações estão em fases preliminares, com perícias em curso, análises de imagens de câmeras de vigilância e outras diligências investigativas.
Em nota, a polícia lamentou profundamente a morte da servidora e informou que está empenhada “com todos os seus departamentos para esclarecer as circunstâncias do crime e realizar as providências cabíveis”.
Nas redes sociais, a Delegada-Geral da Polícia Civil da Bahia, Heloísa Campos de Brito, também lamentou o ocorrido. “Acordei com a triste notícia da partida da delegada Patrícia Neves Jackes Aires, que estava lotada no plantão da Delegacia Territorial de Santo Antônio de Jesus. Meus sentimentos aos familiares e colegas de profissão”, comentou.
Segundo informou a Polícia Civil (PC) à TV Bahia, Tancredo Neves Feliciano de Arruda já tinha sido preso em maio deste ano, por agredir a vítima. No entanto, acabou solto pela Justiça posteriormente, e uma medida protetiva que havia sido solicitada se perdeu quando o casal se reconciliou.
O homem já foi indiciado pela PC por exercício ilegal de medicina e falsidade ideológica. O inquérito referente a uma investigação iniciada em 2022 pela Delegacia Territorial de Euclides da Cunha já foi concluído e remetido ao Ministério Público da Bahia (MP-BA).